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32% dos trabalhadores de Vicente Pires atuam no Plano Piloto

Dados da última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD, 2016) mostram que, entre os trabalhadores residentes no Plano Piloto, 89,4% trabalham na própria região administrativa. Entre os trabalhadores residentes em Vicente Pires, 32,62% trabalham no Plano Piloto, 20,42% trabalham na própria RA e 17,43%, em Taguatinga. De fato, a PDAD 2017/2018 mostra que 41,2% dos trabalhadores do Distrito Federal exerce seu trabalho principal no Plano Piloto.

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O economista Newton Marques explica que essa diferença existe “porque as atividades produtivas dinâmicas se concentram em Brasília e não nas regiões administrativas, pois é onde existem as sedes e as filiais do setor público e empresas privadas. É também onde existe demanda por bens e serviços. Ninguém sai de São Paulo ou do Rio de Janeiro, por exemplo, para comprar em Ceilândia, Taguatinga ou Gama”.

O especialistas afirma que essa diferença tem um impacto sobre a economia. “Diversos problemas são criados, principalmente na mobilidade urbana, áreas de educação, saúde e atividade econômica local”, diz o economista.

Para Marques, não é grande a perspectiva de o governo buscar diminuir essa diferença, uma vez que “é difícil resolver esse problema com políticas públicas que não abranjam a Área Metropolitana de Brasília. Tais políticas públicas também dependem de planejamento, recursos e vontade política”.

A Região Metropolitana do DF, da qual deverão fazer parte as 33 cidades que hoje compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), foi criada por uma medida provisória que está em tramitação em comissão mista do Congresso Nacional. Das 33 cidades, 29 pertencem ao estado de Goiás e outras quatro estão em Minas Gerais. O objetivo da criação desta região é que estas cidades, que seguem fazendo parte de seus estados, possam receber recursos e integrar políticas de desenvolvimento da nova região, o que pode deveria ajudar a diminuir a sobrecarga da capital.

Newton Marques  sugere arranjos de políticas públicas para gerar emprego e renda e diminuir essa diferença. “É necessário capacitar empresários, treinar pessoal, criar infraestrutura, escolas, centros de saúde e incentivar empresas com terrenos, isenção fiscal e tributária, água, luz, rede de telecomunicações, entre outros”, recomenda.

O estudante Gabriel Nunes, 21 anos, é morador de Vicente Pires e está à procura de emprego, mas o Plano Piloto, apesar de ter mais ofertas de trabalho na área dele (publicidade), que em Vicente Pires, não está entre os destinos de trabalho preferíveis. “Estou priorizando trabalhos com localização fácil: Vicente Pires, Taguatinga e Águas Claras”, diz. Sobre a locomoção, conta que se locomove de ônibus pois não possui carro.

Gabriel pondera que a distância desestimula a procura por empregos no Plano Piloto. “Até posso considerar Asa Sul ou locais de fácil acesso ao metrô. Não penso muito no Plano pela distância e, levando em conta que eu trabalharia na parte da tarde, saindo no final da tarde/noite, para chegar em Vicente Pires, teria que pegar 2, 3 ônibus. Aí não fica bom pra mim. Voltaria muito tarde e o gasto com passagem é maior. Sem contar o perigo”.

Segundo o Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal de 2011, Brasília (2,27), Lago Sul (2,50) e Lago Norte (2,30) contam com os maiores índices de mobilidade por pessoa por dia (viagens motorizadas e não motorizadas). Vicente Pires tem um índice de mobilidade por pessoa de 1,92. A mesma pesquisa mostra que o transporte coletivo representa 47% dos deslocamentos diários dos modos motorizados, enquanto os transportes individuais 53%. Além disso, 67% das viagens do transporte coletivo são realizadas por motivo de trabalho.

Por Ingra Fernandes

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira