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Área de nascente em Santo Antônio do Descoberto recebe reforço de mudas do Cerrado para manter a vazão

Prevenção e visão de futuro foram os dois principais motivos que levaram os moradores de Pontezinha, em Santo Antônio do Descoberto, a solicitar apoio da Corumbá Concessões para reforçar a vegetação da área da nascente que abastece a comunidade. A ação de plantio de 300 espécies do Cerrado próprias para solo úmido aconteceu no dia 18 de janeiro, dentro do Programa de Educação Ambiental (PEA), com a participação de 20 moradores da região, sendo a grande maioria formada pela família Pereira Braga. 

Antes do curso, a equipe do PEA visitou a área e constatou que a nascente estava com cobertura de plantas. O objetivo da ação foi complementar a vegetação para que ela mantenha a vazão. “Na palestra, pela manhã, dentro da dinâmica da ecologia da paisagem, levamos aos participantes a compreensão sobre a biodiversidade, ecossistema, o Cerrado, e ensinamos técnicas de recuperação de áreas degradadas”, disse Márcio Cavalcante, gestor ambiental e pós-graduando em Geografia e Análise Ambiental.

Na sua explanação, Márcio Cavalcante explicou sobre o funcionamento da natureza, a harmonia entre as plantas e os animais, os tipos do solo e o impacto que as atividades humanas trazem em todo o processo da biodiversidade. “Nós aliamos o conhecimento à prática do plantio, instruindo os participantes para que possam perceber algum problema e prevenir uma degradação”, disse. O gestor ambiental observou que embora os moradores não conhecessem alguns termos técnicos, o que era esperado, eles têm uma visão ampla sobre o assunto. “Na prática da vivência no Cerrado, eles demonstraram que entendem tudo sobre a biodiversidade e a importância do bioma, a relação das nascentes com a disponibilidade de água, entre outros conhecimentos. ”

Para a professora aposentada da UnB, Vera Lúcia Pimenta, moradora na região há 20 anos, o curso foi muito proveitoso: “O professor foi didático, abordou assuntos relevantes e todos gostaram e participaram”. Ela disse que chegou a gravar depoimentos de alguns deles sobre a importância daquela nascente, demonstrando conhecimento e sabedoria no trato com a terra. “Eles testemunharam as diversas mudanças ocorridas de alguns anos para cá, em termos de consciência ecológica. O José Pedro, por exemplo, observou que há alguns anos a gente não estava preocupada se a água iria acabar ou não, e de repente, todos começaram a se preocupar com isso”, disse.

Valor afetivo

A nascente é de grande importância funcional e sentimental para todos que dela se beneficiam, praticamente 100% dos moradores de Pontezinha, conhecida como ´terra dos herdeiros´. Pelos cálculos do professor aposentado e morador, Naum Pereira Braga, a mina está lá desde que os Braga se instalaram na região, há cerca de 300 anos. “A nascente já abasteceu com água pura e cristalina todos os nossos ancestrais e nós costumamos brincar por aqui que ela já existia desde a criação do planeta”, conta. O manancial recebeu o nome de Antônio Pereira Braga, seu avô, e depois foi rebatizada como Maria Pereira Braga, em homenagem à sua mãe, matriarca da família (falecida há 12 anos). Segundo Naum, há 25 anos atrás dona Maria plantou várias espécies para manter a vegetação local, com a orientação e incentivo do professor Jacy Guimarães, que à época lecionava na Universidade de Brasília (UnB) e que ainda mora na região.

Conforme explica Ronan, um dos nove irmãos Pereira Braga, a água da nascente brota na parte alta, vem descendo e ganhando força e volume para formar um poço de 5m² de diâmetro, por 1m de profundidade, a 120m abaixo. Nesse pequeno reservatório, o então prefeito de Santo Antônio do Descoberto, Getúlio de Alencar (Padre Getúlio), construiu, em 2001, uma mini barragem de pedras para filtrar e manter sempre boa a qualidade da água. De lá saem cerca de 20 canos que se ramificam mais na frente para abastecer as casas da região, inclusive a sede da Associação da Comunidade de Pontezinha (Corpo), o cemitério e o posto de saúde.

“A nossa região é privilegiada, pois temos uma água potável da melhor qualidade e em quantidade suficiente para todo o nosso consumo”, diz, Ronam. E Naum complementa: “Essa nascente é a vida para nós. Sem ela, teríamos que ter poço artesiano, o que não existe aqui. Ela é ouro”.

Ana Guaranys

Assessoria de Comunicação / Corumbá Concessões