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Biógrafo de Marighella arrisca que guerrilheiro estaria hoje nas ruas e não nas redes

O jornalista e escritor Mário Magalhães, vencedor do Prêmio Jabuti com a  biografia “Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo” (2012,) lamentou, em palestra em Brasília nesta semana, as manifestações de ódio principalmente com o lançamento do filme “Marighella”, de Wagner Moura. “Estamos em uma era em que o presidente diz que nazismo era de esquerda. Se Marighella vivesse hoje, acho que ele estaria se manifestando nas ruas e não nas redes sociais”.

Confira aqui a palestra

De acordo com o profissional, a biografia jornalística é uma conquista para a democracia. Neste momento, ele se prepara para lançar biografia sobre Carlos Lacerda e outra obra sobre o ano de 2018. “Imagino que, por muito tempo, trataremos deste ano. Meu trabalho é uma homenagem também ao Zuenir Ventura (autor de “1968, o ano que não acabou”). De alguma forma, 2018 ainda também não acabou”, disse referindo-se à campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro à presidência. A biografia, no entender de Magalhães, é um gênero que contempla o “direito à memória e assegura as várias versões da história”, disse.

Nem santo nem demônio


Segundo Mário Magalhães, durante a participação no evento “Diálogos Contemporâneos”, afirmou que a inspiração para escrever sobre Marighella veio ao perceber que o ex-guerrilheiro não era perfeito nem imperfeito, mas humano. “Eu não encontrei um personagem melhor, um maldito”, explicou o autor que revelou ter se inspirado mais nas 256 entrevistas que fez durante os nove anos de produção do que nos documentos que conseguiu recolher. 
Magalhães lamentou também manifestações de internautas contra o filme de Moura em relação à cor da pele do personagem (no filme, o ator Seu Jorge interpreta o guerrilheiro). “Ninguém pode falsificar a realidade e dizer que Marighella era branco”.  Ele avalia que a vida de Marighella era espetacular e precisava ser contada e resguardou que a biografia é uma reportagem. 
De acordo com o jornalista, não há nenhuma informação no livro que não tenha sido checada rigorosamente. Ele afirmou que o biógrafo é um escritor que “esmiuça” os personagens. Um dos principais critérios para escrever uma boa biografia é não prender o personagem em uma camisa de força. “Quando isso acontece, é o pior fantasma para um escritor”.

Por Marília Sena

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira