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Lição de casa: universitários produzem e vendem doces para bancar custos

Sarah Catarina tem 21 anos e é estudante de relações internacionais em uma faculdade particular. Além de receber uma bolsa da universidade, a universitária começou a vender brownies no início do ano para arcar com custos da mensalidade. Uma ” lição de casa” a mais além dos estudos. “Consegui um bom desconto, mas ainda não é o suficiente. Então é preciso toda uma economia durante o mês para conseguir pagar tudo no prazo certo. Lá em casa sempre temos que deixar uma conta sem pagar”, lamenta.

Histórias como a de Sarah ilustram dados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE em 2017), que mostra falta de espaço para quem tem menos experiência. Os números são os seguintes: Mais de 170 mil jovens brasileiros, com idades entre 19 e 25 anos, abandonaram a graduação por causa do desemprego. A pesquisa aponta também que o trabalho sem carteira assinada e o número de pessoas que geram renda por conta própria superaram o emprego formal. Mesmo assim, em 2019, uma nova pesquisa do IBGE mostrou que, de todo o Brasil, o Distrito Federal possui os menores percentuais de trabalhadores por conta própria (20,4%).

Devido ao desemprego relacionado a jovens estudantes, há quem tenha que se submeter a trabalhos autônomos, para conseguir pagar a faculdade e terminar a graduação.

No caso de Sarah, a estudante acrescenta que já entrou com documentação para tentar transferência para a Universidade de Brasília (UnB). “O processo de transferência é difícil, mas eu vou tentar, pois se um dia eu perder o desconto que tenho na faculdade, sei que não vou poder continuar onde estou”.

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Negócio em família

A universitária Natália Ferreira, 22 anos, precisou se virar para fazer a ” lição de casa” e arcar com os custos da matrícula, além de ajudar na renda em casa. Ela produz os próprios bolos no pote e vende nos corredores da universidade desde o ano passado. “No meio de 2018, eu decidi entrar no curso de nutrição, e como meus irmãos também estão fazendo faculdade está bem apertado lá em casa”, explica.

A estudante e os irmãos vendem os bolos nas respectivas faculdades e, ao final do processo, dividem os lucros para ajudar a pagar as mensalidades. “A logística até que tem dado certo, mas ainda fica meio apertado. Ainda estamos tentando aumentar esse negócio, se programando direito dá certo”, avalia.

Desestímulo

Segundo o professor de economia, Vander Lucas, os níveis de desemprego são mais elevados entre estudantes por não obterem a experiência necessária para o mercado de trabalho. “Uma saída para estes que procuram emprego e não estão achando é o serviço autônomo. Porém, a própria recessão e a excessiva burocracia para o empreendedorismo fazem com que aumente o desestímulo de se abrir seu próprio negócio”, pontua.

Com relação aos gastos gerados pelo processo de graduação, o economista explica ainda que, por ser uma despesa pessoal, muitos universitários podem considerar a faculdade como um custo adicional de longo prazo, e não como um investimento, fazendo-os precisar desistir quando a situação econômica complica.

Por Nathalia Carvalho

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira