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Polícia registrou 278 denúncias de intolerância religiosa em 2017

Apesar de intolerância religiosa ser julgada crime de ódio no Brasil, desde 27 de dezembro de 2007, os dados em referência ao assunto mostram como ainda é bastante comum no Brasil e também no Distrito Federal. No ano de 2017, foram registradas 163 ocorrências e receberam 278 denúncias, na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência.

O governador Rodrigo Rollemberg sancionou em 2016, a lei que criou a delegacia especializada para combater casos de intolerância religiosa. A delegacia foi proposta depois que quatro terreiros de candomblé foram incendiados no Distrito Federal e no Entorno.

Uma pesquisa feita pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), no ano passado, aponta que a maioria dos casos de vítimas de intolerância é de religiões de origem africana, com 39% das denúncias. No ranking, a umbanda lidera com 26 casos, candomblé com 22 e as matrizes africanas, 18. Depois, segue a católica (17) e a evangélica (14). Os dados também mostraram, entre janeiro de 2015 e o primeiro semestre de 2017, um registro de uma denúncia a cada 15 horas no Brasil.

De acordo com o professor de filosofia Agnaldo Portugal,  é importante entender o real significado da intolerância, dado que além da época e ambiente que vivemos, trata-se de negação de um ideal ou comportamento do outro. “É contraditório, pois a violência é condenada dentro da maioria das religiões universais. Mesmo assim, possuem o desentendimento e confronto umas com as outras. Porém, na busca de crescimento, de mercado e poder político acabam explicando o porquê existem esses atos de intolerância”, afirma. Ele esclarece que religiões sempre foram matrizes culturais. “As que dispõem de preocupações éticas são compostas de culturas e possuem pretensões universais, para alcançarem todo mundo e não só um povo” complementa o professor.

Por Carla Queiroz (texto e gráfico)

Foto: Mídia Ninja