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Produtores do projeto Mãos Produtivas aprendem a captar e armazenar água de chuva

A construção de um reservatório para armazenar 30 mil litros de água de chuva numa propriedade rural de Pontezinha, no município de Santo Antônio do Descoberto, representou a realização de um sonho antigo do proprietário Eliseu Pereira Braga. A implantação da tecnologia de captação e aproveitamento de água pluvial foi feita no dia 14 de novembro, pelo projeto Mãos Produtivas – Comércio Institucional de Alimentos na Agricultura Familiar, que a Corumbá Concessões está implementando naquela comunidade, desde junho deste ano.

A capacitação é voltada para os agricultores da comunidade Pontezinha que participam do projeto Mãos Produtivas, com foco na assistência técnica para a produção de alimentos agroecológicos e comercialização institucional, visando à geração de renda. O projeto Mãos Produtivas faz parte do Programa Alternativa Produtiva, da Corumbá Concessões, e o curso teve o apoio do Ibama, da prefeitura municipal de Santo Antônio do Descoberto e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pesca (Sedap).

 

Irrigação

“Meu maior sonho era captar e armazenar água da chuva para irrigar minha plantação de hortaliças, mas o dinheiro nunca era suficiente e, por isso, eu nem tinha como plantar as mudas. Agora, com esse projeto, graças a Deus fui beneficiado e estou muito feliz”, disse emocionado Sr. Eliseu Braga, depois que viu toda a estrutura pronta, montada pela equipe do projeto com a participação dos vizinhos, cerca de 20 pessoas. Segundo ele, a água vai começar a ser estocada agora no tempo chuvoso para ser usada na estiagem, não só para aguar as verduras, mas, também, para lavar roupa e o piso da casa.

Se antes o sr. Eliseu tinha que buscar água encanada de um poço que fica a mais de 300 metros de distância da casa, usando duas bombas, agora a distância diminuiu muito, pois o reservatório fica a apenas 50 metros e a captação de água será feita com a força de uma só bomba. Segundo o técnico agropecuário Luciano Andrade, coordenador do projeto em campo, “a tecnologia é simples, de baixo custo e produz grandes resultados”.

Para construir a tecnologia, como a do sr. Eliseu, foram necessárias: calhas para o telhado, tubulação para levar a água até ao reservatório e lona para forrar e impermeabilizar o fundo do poço. O custo gira em torno de mil reais, já incluídos o diesel e a mão de obra do tratorista. Andrade calcula que 30 milímetros de chuva, por cinco horas, são suficientes para encher o reservatório. Alguns vizinhos do sr. Eliseu já procuraram a equipe do projeto para instalar a tecnologia, enquanto outros se interessaram em conhecer o modelo. “O intuito é que todos passem a reaproveitar a água de chuva, que significa uma grande economia para o produtor e para a natureza, pois, em geral, a chuva faz um arrastão de matéria orgânica do solo e provoca assoreamento, impactando o meio ambiente”, disse o técnico.

Andrade conta que há seis anos esteve em Israel – um país que consegue produzir mesmo com a falta de chuva e num clima desértico – para conhecer tecnologias usadas na agricultura. O Brasil é muito rico em recursos hídricos, mas o desperdício é muito grande, comparou. “Já em Israel, um país sem água potável, o povo valoriza cada gota. Eles captam água da chuva, dessalinizam a água do mar e usam a tecnologia de irrigação por gotejamento na agricultura. Porque uma planta não quer água em excesso, mas o suficiente para produzir”, explicou. O técnico citou como exemplo a melancia, que necessita de 40 gotas de água por dia; e o melão, que produz com apenas 19 gotas diárias. “Israel é um exemplo para o mundo e as tecnologias empregadas para vencer a escassez de água são exportadas para vários países. ”

 

Percepção

Sobre o aproveitamento de água da chuva, a analista ambiental da Corumbá Concessões, Marinez de Castro, comentou que até mesmo uma chuva tão bem-vinda no campo e na cidade pode causar impactos, como pequenas erosões. “Toda interferência traz uma resposta para nós, mas nem sempre a percebemos. Essa tecnologia de reaproveitamento de água pluvial do projeto Mãos Produtivas ajuda a melhorar a nossa percepção a respeito do meio em que vivemos”, disse.

A produtora e irmã do s. Eliseu, dona Raquel P. Braga, participou de todo o processo e avaliou a capacitação como “ótima”: Foi muito útil para todos nós e, no ano que vem, eu vou implantar essa tecnologia na minha casa. ”

O curso de captação e aproveitamento da água de chuva vai resolver a questão da irrigação do plantio dos agricultores de Pontezinha, inscritos no projeto Mãos Produtivas. Eles irão vender, em breve, alimentos agroecológicos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Conab. Essa tecnologia vai gerar economia e mais renda para os participantes do projeto que poderão irrigar as plantações que irão comercializar.

 

Ana Guaranys