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Cerrado Alerta: Homens, animais e agricultores realizam adaptações para conviver com o período da seca

De acordo com os dados do Governo Federal, a seca é um problema emergente no Cerrado. O bioma é um dos mais vulneráveis ao desmatamento, sobretudo no período da seca.

Segundo o relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as áreas de desmatamento do Cerrado, entre agosto de 2018 a março de 2019,  acumulam o total de 3.511,2 km².

O Cerrado equivale a quase 24% do país. Além disso, conforme o INPE, só em março de 2019, a Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) Cerrado registrou 401,9 km² de áreas de alerta de desmatamento.

O professor de climatologia André Souto afirma que “durante o período de estiagem, a seca, vem ocorrendo uma intensificação da urbanização e a ocupação do campo no centro-oeste. O Cerrado se tornou o esteio do agronegócio e, em razão disso, ele acaba sendo um dos mais ameaçados do mundo”.

Dados do Ministério do Meio Ambiente apontam que cerca de 51% da vegetação do Cerrado foi perdida. “Há estimativas que dizem que, dentre 30 a 40 anos, o Cerrado  vai deixar de existir, porque, anualmente, ele perde uma área equivalente ao tamanho do Distrito Federal”, afirma o professor.

A seca afeta, diretamente, todo o ecossistema. Em razão disso foi realizado uma reportagem dividida em três partes, que aborda a agricultura, os animais e a saúde humana no período da seca.

A seca e o meio agrícola

As mudanças climáticas presentes na época da seca têm sido responsáveis por modificar os processos produtivos na agricultura. Os impactos gerados neste período tem feito com que proprietários rurais tenham que entender de que forma a produção é afetada, para que assim possam se adaptar a essas alterações.

Em relação ao plantio e a colheita de hortaliças, a atividade tem sofrido variações de forma direta, pois o aumento da temperatura associado à falta de água no solo interferem no ciclo necessário para que os alimentos sejam cultivados de maneira mais eficaz. Esse fenômeno resulta desde a perda de qualidade dos produtos até a não comercialização deles.

O engenheiro ambiental, pesquisador da Embrapa Hortaliças e doutor em solos e nutrição de plantas Carlos Eduardo Pacheco explica que a elevação dos índices de calor afeta o período chuvoso, o que também resulta em modificações climáticas na temporada de estiagem. “O aumento da temperatura gera uma série de mudanças, incluindo na precipitação. Porém, nesse caso há uma piora da distribuição de chuvas. É como quando falamos, por exemplo, que choveu em poucos dias o que era esperado para um mês. Isso significa que em outra parte do ano vai haver escassez”.

A seca e os animais

Os animais também sofrem com as consequências da seca do Cerrado. O período marcado pela baixa umidade do ar e alta temperatura dura em torno de cinco meses. A equipe do Zoológico de Brasília, realiza manejos que auxiliam no conforto térmico, o objetivo é evitar a desidratação dos bichos, que é o principal problema dessa época do ano. 

As espécies típicas do Cerrado são adaptadas para o clima o seco, o diretor de mamíferos da Fundação Jardim Zoológico, Filipe Reis, explica que, no período mais quente do dia é comum notar os bichos mais quietos. “ É padrão dos animais economizar energia, isso foi evolutivamente selecionado. No pico de temperatura entre 14h e 15h eles estão bem recolhidos ou deitados”, conta o biólogo. 

Além disso, os animais mudam o período de atividade. “ Alguns indivíduos, quando o dia está muito quente, mesmo espécies que têm atividade diurna passam a ter atividade mais noturna. Eles migram um pouco mais para o final da tarde ou para a noite, para fugir do período mais quente do dia”, explica Filipe Reis.

A seca e a saúde humana

A saúde humana é, diretamente, afetada pelas mudanças climáticas e, durante o período de estiagem, o efeito do conforto térmico é um dos fatores que auxilia na qualidade de vida. De acordo com o professor de Geociências Gustavo Macedo, o efeito do conforto ou desconforto térmico é uma resposta dos seres vivos à temperatura. 

A seca é um dos fatores que influencia o diagrama do conforto térmico.“Esse efeito pode ser agravado ou minimizado pela presença da umidade e de outros fatores que influenciam na temperatura. A seca associado ao aumento da temperatura tendem a aumentar o desconforto térmico humano”, explica o professor.

As reportagens fizeram um apanhado complexo e denso sobre os efeitos da seca nas áreas da saúde, da agricultura, e dos animais. Para conferir a reportagem completa, clique aqui.

Confira também o programa de podcast – Foco no Cerrado – um projeto idealizado com o objetivo de falar sobre os principais acontecimentos que ocorrem no Bioma Cerrado.

Por Isabella Alvarenga, João Paulo de Brito e Sara Meneses

Sob supervisão da professora doutora e jornalista Mônica Prado