Leia mais

Imagem

Mais lidas

Imagem

Útimas notícias

Imagem

Queima histórica no Pantanal pode chegar ao Cerrado, diz professor

As consequências do devastamento do incêndio do Pantanal não tem limites territoriais e podem chegar até o Cerrado, como explica o professor Eraldo Aparecido, pesquisador de Incêndios Florestais, da Universidade de Brasília (UnB). ”Os impactos ambientais causados no Pantanal se estendem para outros biomas como o Cerrado, pois na natureza não existe um divisor linear entre diferentes ecossistemas que separa a fauna e flora. O que ocorre na prática é que existem corredores ecológicos que conectam e garantem a integração e a conservação da biodiversidade dos dois biomas. Neste ano, várias áreas desses corredores ecológicos Pantanal/Cerrado estão sendo fortemente atingidas pelo fogo, comprometendo vários ecosserviços e a proteção da biodiversidade nos dois biomas.”

Considerado o pior cenário dos últimos 22 anos, de acordo com o Instituto Centro Vida (ICV), as queimadas no Pantanal este ano vêm preocupando uma série de especialistas e moradores da região, além movimentar as redes sociais com imagens e mensagens de apoio. Localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a área do Pantanal corresponde a 15 milhões de hectares. Desse espaço, cerca de 15%  já foi devastada pelo fogo, de acordo com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na segunda-feira (14/9), já foram registrados 14.489 focos de incêndio no Pantanal em 2020; um número que cresceu 210% em relação ao ano passado, em que foram registrados 4.660 focos. No mês de julho, foram registrados 1.684 pontos de focos de incêndio no Pantanal, o maior para o mês desde o início da coleta de dados em 1998 pelo Inpe, sendo 3,4 vezes maior do que o ano passado. Os dados de agosto também não foram animadores: 5.935 focos de calor detectados no bioma; o maior número desde 2005.

Segundo Eraldo Aparecido, professor de Incêndios Florestais, da Universidade de Brasília (UnB), o bioma Pantanal é considerado um dos mais ricos em biodiversidade animal no mundo. É também um bioma muito sensível, especialmente aos eventos de incêndios florestais. ”A preservação do Pantanal é essencial para a manutenção dessa biodiversidade única do planeta, com valores imensuráveis do ponto de vista ecológico e econômico. É uma riqueza natural dos brasileiros e de toda humanidade”, comenta.

Apesar de ser um patrimônio natural em nível mundial, apenas 4,6% do Pantanal está protegidos por unidades de conservação. Deste percentual, 2,9% correspondem a unidades de proteção integral e 1,7% de uso sustentável, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Entre as Unidades de Preservação estão as seguintes: Parque nacional do Pantanal Matogrossense, Parque Estadual Encontro das Águas, Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal, Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro e Parque Estadual do Guirá.

Além das regulações, é fundamental que a população tenha consciência de sua responsabilidade social em preservar esse patrimônio, como, por exemplo, na obtenção melhores informações a respeito dos riscos dos incêndios. ”O uso do fogo pode ser adotado, mas deve-se ter critérios bem rigorosos, pois são estas as principais fontes dos incêndios causados em todo o país. É preciso estruturar brigadas de incêndios para atuar em nível local. É preciso focar na prevenção e na educação de todos sobre os incêndios florestais”, afirma o professor da UnB. Eraldo também ressalta a importância da punição àqueles que não cumprirem com sua responsabilidade social: ”é preciso pensar em políticas públicas mais rigorosas para punir culpados e ações criminosas.”

A situação da fauna em meio às queimadas ainda não pode ser avaliada no geral, como explica o professor. ”Mesmo porque os incêndios ainda não foram todos extintos e continuam atingindo várias partes do Pantanal. Mas é possível afirmar que há risco de extinção de espécies endêmicas, que ocorrem em determinadas regiões geográficas, e que podem ter sido atingidas pelo fogo”. Eraldo ainda ressalta o processo de recuperação da fauna e da flora, o qual pode levar anos ou décadas, se outros eventos de fogo não voltarem a ocorrer.

Devido ao baixo percentual de terras devidamente protegidas, diversas ONGs atuam no Pantanal em prol da conservação ambiental e da conscientização social a respeito do bioma. Além das atuações costumeiras, muitas dessas ONGs estão à frente do combate aos incêndios no Pantanal, dentre as quais destacamos:

Onçafari

Para quem tem o querer de conhecer de perto a fauna do pantanal, recomendamos a ONG Onçafari. A Organização é dedicada à conservação da fauna e dos habitats naturais brasileiros por meio do ecoturismo, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do país. No Pantanal, a entidade realiza frentes de ecoturismo, ciência, educação, reintrodução de espécies nativas e conservação de florestas.

Um dos projetos da ONG, Onçafari Ecotourism, trabalha para habituar animais, como a onça-pintada e o lobo-guará, à presença de veículos. À medida que os animais se acostumam com a presença dos carros de safári, deixam de encará-los como uma ameaça e ficam mais à vontade, o que facilita o desenvolvimento do ecoturismo na região.

Os encontros com onças e lobos permitem que os visitantes aprendam mais sobre as espécies, conscientizando-se da importância desses predadores na natureza e envolvendo-se em seu processo de conservação. Parte do trabalho de conscientização

engloba palestras sobre essas espécies e outros animais que convivem no mesmo bioma. São aulas ministradas em escolas e universidades brasileiras e estrangeiras, assim como para os hóspedes que visitam o Onçafari.

Por meio da renda e conscientização gerada pela visitação ecoturística, os moradores e proprietários de terras passam a valorizar as espécies nativas passam também a protagonizar na conservação do ecossistema no qual vivem e trabalham.

Doações: https://oncafari.org/doe-agora/

Instituto SOS Pantanal

O Instituto Socioambiental da Bacia do Alto Paraguai SOS Pantanal é uma organização não-governamental, privada, sem vínculos partidários ou religiosos e sem fins lucrativos. Lançada em julho de 2009 tem a missão de informar e promover o diálogo para um Pantanal sustentável. O Instituto promove a gestão do conhecimento e a disseminação de informações de forma clara, alcançando os principais stakeholders (governos, formadores de opinião, grandes empreendimentos, fazendeiros e pequenos proprietários de terra da região) e a população em geral, de forma a sensibilizá-los e desencadear impactos positivos para a conservação e desenvolvimento sustentável do Pantanal.

Doações: http://www.sospantanal.org.br/doacoes

Ecoa no Pantanal

Há mais de 30 anos a instituição trabalha diretamente no território do bioma do Pantanal e na Alta Bacia do Rio Paraguai, onde a equipe realiza pesquisas, desenvolve projetos, monitora problemas sociais e ambientais. Neste momento a ONG Ecoa junto com a WWF está promovendo cursos para a formação de mais quatro brigadas permanentes para o combate aos incêndios no Pantanal.

Qualquer valor pode ser doado no site da instituição.

Doe em: https://ecoa.org.br/apoie/

Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se posicionou sobre o assunto.

Por Júlia Morena e Marina Torres

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Agência UniCeub