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Crônica na rodô: sorrisos, olhares e percepção por imagens

Acordamos todos os dias com a missão de chegar ao final de nossas lutas diárias. O coração bate, o suor escorre e calor matinal vem com força nos obrigando a entender que precisamos fazer o melhor. O que seria esse “melhor”? Entender, compreender e aceitar a realidade cotidiana nos torna melhor ou mais forte? Como podemos de fato criar um ecossistema em que coabitaremos com nossos semelhantes em uma total igualdade? Acordamos e pensamos. Será que percebemos de fato que aquele pequeno ser que se encontra sentado em um chão sujo e empoeirado apenas querendo um lanche…

Um encontro com a dura rotina de quem “mora” nas ruas, um simples “dá uma moedinha aí tio”, faz com que esse choque não seja tão pesado quando podemos perceber o sorriso estampado no olhar de quem não come há horas. Difícil não se emocionar ao ver um senhor que poderia ser nosso pai, sentado em condições precárias ou até mesmo uma família que mesmo sem possuir um teto quente, se alegra e festeja o dom da vida.

A rodoviária do Plano Piloto é para alguns apenas um ponto de passagem, para outros, um ponto de partida e para quase todos, um ponto de reflexão. A busca pelo melhor envolve não apenas o trabalho e a educação, mas sim a busca pela dignidade que nem sempre alcançada, nos torna seres igualmente ignorantes e incapazes de perceber a dor do outro.

O sentimento de culpa nos torna fracos e ao mesmo tempo fortes, pois nos deparamos com um “eu interior” que por hora não julga o certo do errado, o menino com fome do pai explorador, a mãe doente da adolescente viciada. Será que somos imunes as fraquezas ou sensíveis ao acaso?

De costas para uma sociedade carente de necessidades básicas. Relações extremas que nos divide do paralelo amor e ódio. O poder que em alguns casos, nos transforma e liga os pontos errados da humanidade, pontos que deveriam se distanciar e não se aproximar. Vivemos a sociedade dos D’s, descaso, descuido, desigualdade, desespero, deficiência e esprança.

Por Henrique Kotnick

Com supervisão de Luiz Cláudio Ferreira