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O papel da escola no reconhecimento dos povos Indígenas

Segunda-feira (19/04), é celebrado o dia dos povos indígenas, por muitas décadas, o dia foi comemorado de maneira superficial e folclórica, de um tempo para cá, percebe-se que o olhar vem se tornando mais cuidadoso e reflexivo. Nas escolas, por exemplo, a ideia de crianças com o rosto pintado, uma pena na cabeça e poucas informações sobre as culturas indígenas tem ficado para trás.

A postura adotada pelo Elite Rede de Ensino  –  que conta no DF e em Goiânia com as unidades: Elite CeilândiaElite GamaElite Guará e Elite Goiânia  representa a nova abordagem da educação. Se vamos abordar cocar, nossos alunos investigam e pesquisam sobre, a fim de compreenderem que símbolo é esse, quando é usado, por qual motivo é utilizado e a partir disso tomam a decisão de usar ou não o cocar. Mas, compreendendo que traz consigo muito mais que o enfeite, mas uma história e um hábito”, explica a professora de história e supervisora da educação infantil e primeiro ano fundamental anos iniciais do Elite, Glaucia Sobral.

A professora reforça que pensar em símbolos como pinturas corporais, de maneira vazia, é repetir padrões dos séculos passados. “Estamos no século da informação e das distâncias encurtadas. Em nossas aulas, buscamos informar e trazer significado a cada ação. Mostramos a existência de muitas outras referências dentro dessa cultura, que é praticada por nós e que merecem o reconhecimento”.

Para Glaucia é fundamental que ajustemos nossas lentes, tragamos nosso olhar para o século XXI e aprendamos sobre os indígenas. “Quem foram esses povos no passado e quem são atualmente? O que fazem e como vivem? Durante muito tempo, aprendemos sobre os grupos indígenas por meio de narrativas feitas por outra cultura, a nossa. Por qual razão não ouvirmos a deles mesmos?”.

Desconstrução de “verdades”

Doutor em educação pela USP, escritor e indígena, Daniel Munduruku, aponta o caminho para a sociedade construir uma percepção distinta dos povos indígenas. No entendimento dele, é necessária uma revisão completa da narrativa histórica oficial. “É muito importante que os historiadores tragam para o cenário da educação as diferentes vozes que foram sendo silenciadas nestes cinco séculos da história oficial. É preciso rever fatos, religar os pontos que nunca foram contados, mostrar como a construção do país passou necessariamente pela mão forte da resistência indígena e quebrar a lógica do discurso ufanista que apresenta heróis que foram, na verdade, grandes genocidas. O brasileiro precisa aprender a gostar de seu passado porque ele foi construído sobre a resistência dos povos indígenas e, posteriormente, dos negros escravizados”.

O indígena está em muitas oportunidades associado a preguiça, selvageria e atraso tecnológico. Um dos responsáveis na desconstrução de tais afirmações é a escola. “O primeiro passo a ser dado é munir nossos professores com informações atualizadas e corretas. O hábito de ver o outro como diferente e inferior é algo que precisa ser repensado, devemos aprender com as crianças e resgatar o olhar de curiosidade e conhecimento. Pensar e agir com respeito e tolerância é um caminho longo a ser percorrido”, afirma Glaucia.

A supervisora do Elite complementa. “Como professores precisamos sempre buscar atualizar nossas práticas, isso inclui buscar novos textos e fazer pesquisas. Atualmente, inúmeros materiais indicam exatamente ao contrário dessa imagem consolidada por tantos séculos em nossas artes, materiais e narrativas”.

Um questionamento fica no ar, o dia dos povos indígenas deve ser comemorado ou deve ser apenas uma data para reflexões? Glaucia sobral responde. “Comemorar é uma ação de alegria, por que conhecimento e alegria não podem andar de mãos dadas? Podemos celebrar essa riqueza cultural que temos junto a tantas outras que compõem a nossa nação. Aqui na nossa escola brincadeira é coisa séria. Por meio de danças, brincadeiras, culinária e linguagens podemos entender um pouco mais sobre a cultura indígena. É bom termos um dia para celebração e reflexão, e esse não é um dia isolado, mas sim um dia de coletividade”