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Apitar jogos é ainda bico para árbitros no DF

Na foto abaixo, Rodrigo Raposo, árbitro da Fifa ao centro. Ele ainda trabalha como funcionário público. Crédito: Site do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Distrito Federal

Um total de 18 árbitros da Federação de Futebol de DF está no quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O número de vagas que cada federação possui é estabelecido a partir do ranqueamento das equipes no cenário nacional.  Além disso, é comum que a maioria exerça outras atividades trabalhistas, devido ao fato de que a carreira na arbitragem não ser profissionalizada.

O presidente da Comissão Distrital de Árbitros de Futebol (CDAF), Geufran Oliveira, se mostra favorável à profissionalização da atividade, entretanto faz ressalvas. “Seria ideal a profissionalização, assim como já existe em outros países. Porém, não basta profissionalizar os árbitros e esquecer dos dirigentes, a forma como financiar os custos e outros fatores”, destaca.

Segundo o chefe da CDAF, o processo de formação tem duração de 10 meses e é dividido em aulas teóricas, práticas e estágio nos campeonatos organizados pela federação e pelo Sindicato dos Árbitros de Futebol do DF (SAF/DF). Os formandos têm acesso a diversas disciplinas, como regras e diretrizes do futebol, português, psicologia, nutrição, entre outras. As aulas são ministradas pela escola de arbitragem no auditório da Universidade de Brasília (UnB).

Após esse período, os formados são autorizados a apitar jogos no território candango. Aqueles que se destacam no exercício da função são indicados pelo presidente da federação local e passam a compor o quadro da CBF, o que os credencia a atuar nas competições brasileiras. Por último, os melhores juízes da entidade nacional são inseridos no plantel da Federação Internacional de Futebol (FIFA), assim habilitados para trabalhar em torneios continentais e mundiais.

Árbitro da Fifa é funcionário público no DF

O experiente Rodrigo Batista Raposo, 38 anos, é um dos 18 representantes da arbitragem brasiliense. Ele atua em aproximadamente 40 jogos oficiais no ano. Desde 2016, é aspirante à FIFA e pode ser efetivado no próximo ano. O árbitro conta que, desde a época de colégio, já admirava o trabalho, apitando em gincanas e jogos escolares. “Eu sempre me colocava à disposição para apitar esses jogos, e assim, me interessava cada vez mais”.

Em paralelo à atividade de árbitro, ele exerce função no serviço público, a qual é responsável pela maior parte da renda que ele obtém. Rodrigo optou por ter uma formação acadêmica antes de ingressar na carreira de juiz de futebol. Cursou e se formou em administração no ano de 2003. Após concluir a graduação, ele iniciou a preparação, em 2005, para se tornar árbitro.

A preparação física deles é um fator importante para a realização da atividade. “A condição física dos árbitros tem que ser excepcional. Temos que estar próximos à jogada, por isso precisamos ser como os atletas. Não dá pra ser um amador nesse esporte”, acrescenta Raposo. Nas terças e quintas, a preparação é feita com os demais árbitros, geralmente, no Parque da Cidade ou na pista do Corpo de Bombeiros. Porém, cada um é responsável por se manter em forma.

Ela se mantém a postos

A primeira assistente de futebol a participar de uma final do campeonato candango, Leila Naiara Moreira Cruz, 30 anos, decidiu ingressar nessa carreira após o convite de um amigo, que a inscreveu no curso preparatório. Formada desde 2013, ela conta que trabalha em cerca de 10 jogos profissionais por ano e que exerce a atividade de instrutora de musculação, a qual a auxilia na manutenção do condicionamento físico. “Com ou sem jogos, minha rotina é trabalhar como personal trainer e treinar bastante para estar sempre preparada”, conta.

Leila foi eleita a melhor árbitra assistente do DF em 2015. Atualmente, é uma das três representantes brasilienses no quadro da CBF. Além disso, é cogitada a pertencer ao plantel da FIFA nos próximos anos. “Meu objetivo na arbitragem é chegar ao topo. Poder demonstrar a todos que fizeram e fazem parte do meu crescimento que os esforços não foram em vão”, revela.

Em razão de atuar em um meio predominantemente masculino, a assistente relata que já sofreu com episódios de machismo e como lida com tais acontecimentos. “A melhor forma de lidar com situações assim é não se deixar afetar e seguir em frente. A resposta para aqueles que agem com machismo é mostrar que o nosso crescimento (feminino), felizmente, não depende da opinião deles”.

“Apaixonado”

O recém formado Mateus Rodrigo Santos Campelo, 24 anos, possui identificação pelo futebol desde a infância. E, viu na arbitragem um meio de estar em contato com o esporte. “Sempre fui muito apaixonado e ligado ao futebol. Então, percebi que sendo assistente poderia ficar mais perto dessa paixão antiga”, explica. Posteriormente, se inscreveu no curso após o convite do também árbitro Chistofer Souza. Como profissional, ele exerce a atividade de tosador de animais domésticos.

Assim como a maioria dos colegas de exercício, Mateus atua em outra atividade trabalhista. “Normalmente, trabalho de segunda a sábado no segmento privado. Aos finais de semana ou quando necessário, apito nos jogos. Sempre que sou escalado, peço a liberação ao meu chefe, que também é árbitro, para poder cumprir minha escala”, relata.

Ele também explica que o pagamento referente às atuações pelo SAF/DF são depositados, ao final do mês, em uma conta vinculada. “O presidente e a diretoria trabalham para honrar os vencimentos no mês vigente. Isso nos motiva ainda mais”. Em relação aos campeonatos de juniores, que ele trabalha, organizados pela FFDF, a remuneração é feita pessoalmente, antes das partidas. Devido ter se formado no começo deste ano, o assistente ainda não teve a oportunidade de bandeirar em jogos profissionais.

Embora não tenha vasta bagagem neste meio, Mateus sabe bem o que pretende realizar na trajetória dentro dos gramados. “Possuo o sonho de pertencer ao quadro nacional e atuar em um jogo da Série A, do Campeonato Brasileiro“, finaliza.

Por: João Paulo de Brito, Luiz Fernando Silva e Gabriel Ferraz

Com colaboração de Vinícius Heck

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira