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Construção Civil no DF mantém retração e estimativa é de 70 mil desempregados

O engenheiro civil Victor Saturalli, de 32 anos, passou dois anos desempregado e é uma das vítimas da crise do setor de construção civil em Brasília, conforme revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A situação se alterou depois que ele passou em um concurso público. No entanto, o setor amarga uma retração que provoca, segundo estimativa da Associação Brasiliense de Construtores (Abrasco), cerca de 70 mil pessoas fora do mercado de trabalho.Leia mais sobre a rotatividade no mercado da construção

No caso do engenheiro, ativo no mercado desde 2012, ele tinha currículo com  passagem por grandes multinacionais antes de folhear as páginas dos classificados de jornal atrás de um novo posto. “O que consegui fazer nesse período foi somente trabalhos informais. Cheguei a abrir uma pequena empresa com CNPJ para realizar esses pequenos serviços, mas ainda assim, o trabalho formal é vantajoso na garantia de direitos trabalhistas”, comentou.

Especialistas e organizações associadas ao mercado da construção relacionam a insegurança jurídica das empresas como um dos fatores mais agravantes desse cenário. O vice-presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), José Magalhães, avaliou que o cenário tem relação com obstáculos jurídicos. “Hoje, o que mais necessitamos nesse mercado é a diminuição da burocracia. Menos tributos, menos impostos e principalmente mais segurança jurídica”, ressaltou.

O empresário acrescentou, que a situação de desemprego afetou todas as categorias ligadas  ao setor, desde cargos de diretoria, a serventes. O ajudante de mestre de obras David Araújo, de 42 anos, que atua em uma construtora privada em Brasília, lamentou que há tempos não tem estabilidade profissional. “Já trabalhei como garçom, vendedor de loja, balconista e faxineiro”.


O operário relatou que o serviço desgastante e pesado nas construções o motiva a lutar mais por um salário digno. “Em construção civil, se ganha pouco no meu cargo e, se pararmos, esse pouco faz falta. É o sonho de todo brasileiro ter um salário digno, e é isso que desejo para mim e para meus companheiros de serviço”.

“Oscilações”

Para o professor de economia Vander Lucas, o setor de construção civil passa pela retração por conter maior sensibilidade às oscilações econômicas de uma sociedade. “Tanto a redução da atividade econômica quanto o aumento da inflação começaram a afetar fortemente os níveis de desemprego”.

A redução dos recursos financeiros públicos e privados injetados no setor causaram a recessão do mercado, segundo o especialista. Logo, medidas do setor público que facilitem ou aumentem o crédito para as construtoras motivam negócios que podem gerar um quadro mais positivo. “O ideal seria o crescimento constante da economia, pois normalmente maiores rendas levam as pessoas a adquirirem ou trocar de imóveis. Essa dinâmica leva, então, a maiores ofertas por parte das construtoras”, pontuou Vander Lucas.

Por Thais Batista (texto e imagens)

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira