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Especialistas alertam para compra ilegal de medicamento tarja preta

O Brasil se tornou o segundo maior país no mercado mundial do consumo de ritalina. Trata-se de um medicamento tarja preta utilizado para aumentar a concentração de pacientes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Aproximadamente 2 milhões de caixas foram vendidas em 2010 e mostram um aumento de 775% na última década: de 2000 a 2010. Os dados são do Ministério da Saúde .

O psicólogo Vitor Friary explica que o cloridrato de metilfenidato, composto da ritalina, é um medicamento vendido em farmácias apenas com receita. “O que as pessoas geralmente não associam ao uso da ritalina são os efeitos colaterais possíveis, como agressividade, irritabilidade, dependência e insônia, em especial para quem se automedica”, afirma o especialista.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o diagnóstico do TDAH gira em torno de apenas 3% a 5% da população infantil e, nos adultos, chega a 4%.

Como os estudos demandam concentração, ela foi ao neurologista para começar a tomar o remédio de tarja preta. “Eu precisava usar para me concentrar melhor e consegui fácil com um neurologista”, conta.A estudante Amanda*, 19 anos, foi diagnosticada com nível leve de TDAH, mas não precisava fazer uso da ritalina. Mesmo assim, o médico prescreveu o medicamento. Amanda começou a usar o remédio quando estava no 3º ano do ensino médio. Com o sonho de cursar medicina, atualmente a jovem faz cursinho para passar no vestibular.

Complicações do uso indevido de ritalina

Outra estudante de 20 anos disse que começou a ter dificuldades nos estudos quando ingressou na faculdade. Larissa* afirma que logo procurou um amigo que utilizava ritalina para a ajudar na concentração e perguntou se ele conseguiria comprar de forma fácil. “Meu amigo disse que poderia comprar para mim, mas sugeriu que, antes, era melhor eu experimentar para ver se, de fato, o remédio iria me ajudar. Me senti bem e pedi que ele adquirisse”, conta.

Meses depois, Larissa decidiu procurar um neurologista para conseguir a receita. Assim, ficaria mais fácil adquirir o medicamento sem precisar da ajuda do amigo. Ela relembra que o médico fez uma série de perguntas, mas não pediu exames que comprovassem a necessidade do uso do medicamento. “Eu achei que precisava do remédio e comecei a tomar”,  afirma.

No Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em psicologia, Ingrid Fernandes demonstra as complicações que a ritalina pode trazer para pessoas, sendo adultas ou crianças. “Eu não indicaria o uso do remédio para o tratamento de TDAH, pois tem várias desvantagens, considerando que é uma droga que tem várias reações adversas, como qualquer outra psicoativa, principalmente levando em conta que ela é receitada para crianças”, comenta.

 Com o uso indevido da ritalina, qualquer pessoa, sendo adulta e, principalmente, as crianças, podem desenvolver uma dependência química e ter crises de abstinências, surtos como insônia e sonolência. “Em alguns casos, o paciente pode ter surtos psicóticos, o que resulta em um alto risco de cometer suicídios”, ressalta.

Por Ana Paula Teixeira e Paula Beatriz, com colaboração de Rudhiery Fernandes

Sob supervisão de Isa Stacciarini